segunda-feira, 18 de julho de 2011

O ultimo angico







                       O ultimo angico

Uma sombra copada em frente as casas
Uma sanga onde repousavam as garças
Onde banharam muitos na inocência da infância
Onde lavaram vestidos, as lavadeiras da estância

Um jardim bem de frente ao rancho que era o mimo da patroa
Contraponteando o palanque que firme esperava os pra doma
Logo a diante um potreiro, mangueira de pedra moura pra durar a vida inteira
E um canto docê que dava saludos a quem chegava o João de barro na porteira

Bem na frente da morada de um João de barro cantador
Um caminho onde muitos se atiram a andar pelo corredor
Uma estrada que leva porem a mesma que traz
Muitos se atiram a sorte pra nunca mais voltar

Eu me fiz corredor um dia sai da estância a andejar
Fui morar na cidade onde campeiro não tem lugar
Onde os sonhos valem pouco e são mais difícil de sonhar
Onde os mates são mais de solidão sem pássaros a cantar

E amargado de andar sozinho cansado de vagar
Então me fiz corredor esporei meu baio com presa de chegar
Querendo rever a velha estância os amigos que ficaram La
Quisera eu nunca ter saindo daquele rancho onde era meu lugar

Rever a sanga relembrar as historias dos verões
Adoçar a saudade com mates amargos nos  galpões
Escutando o som dos pássaros o tilintar das esporas
O som puro tecendo milongas os ventos  e os gritos campo a fora

Talvez fosse melhor não ter voltado pra ver o que fizeram com a estância
Mudarão muitas cosas Nada é mais como era antes resultado de uma ganância
Invernadas de luxo mangueiras coisas de uma vida inteira
Dão lugar aos tratores as maquinas e no campo só laranjeiras

A sanga que banharam sonhos e vida nos verões  ficaram soterradas
Na ganância do rol  de uma partilha virou tapera a antiga morrada
Ficou do meu tempo o ultimo angico solitário guardando o posto
Chega dar um nó na garganta e uma lagrima escorreu no meu rosto

E hoje ainda sigo andando
E a saudade ainda me domina
Sou mais um angico solitário
Lembrando a estância em um papel em poesia

Lucas Costa (Ultimo Angico)